O atacante Everton Costa (ex-Paulista) veio a público pela
primeira vez relatar seu drama. Nesta quarta-feira o jogador conversou com a
imprensa e explicou os problemas que vive neste momento, em decorrência de uma
arritmia cardíaca, que sofreu em 16 de abril. O jogador do Vasco tem uma
cirurgia marcada para a semana que vem e seu futuro no futebol ainda é incerto.
Acompanhado de sua esposa e ao lado do diretor do departamento
médico cruzmaltino, Clóvis Munhoz, e do cardiologista Gustavo Gouvea, ele
demonstrou força de vontade em dar continuidade a sua carreira, embora
clinicamente isto ainda não esteja garantido.
“Creio que vou voltar a jogar e jogar bem, porque tenho 28
anos e não quero parar agora. Tenho muito o que fazer e mostrar também. Vocês
vão ver o Everton jogando ainda. No Vasco ou por outro clube. Creio que farei
história”, declarou.
O jogador foi obrigado a escolher entre implantar o
desfibrilador portátil em seu órgão e ter a chance de continuar jogando ou não
passar pela cirurgia e pendurar as chuteiras. “Meu momento crítico foi quando
saiu o resultado dos exames, os médicos chegaram em mim e deram duas opções:
coloca o desfibrilador e continuar atuando, porque eles me deram 99% de
chances, ou ficar sem e parar de jogar. Preferi colocar porque pensei no
Everton em si. Tenho família, parentes e pensei no Everton cidadão. Vou ser o
primeiro caso aqui no Brasil a jogar com o desfibrilador”, disse.
O cardiologista Gustavo Gouvea admite que, entre os
especialistas, a continuidade de um atleta no esporte com um desfibrilador
implantado gera opiniões divergentes, mas ele acredita ser possível o retorno
de Everton. “É uma decisão controversa. Tem médicos que dizem que não tem como
jogar e outros que tem, como o caso do Washington (ex-atacante, chamado de
‘Coração Valente’, que voltou a jogar após problema cardíaco). O mais fácil
para o médico seria dizer que não pode jogar e acabou, porque resolve a
responsabilidade. Mas no caso do Everton, acreditamos que isso será possível”,
destacou.
O caso – No dia 16 de abril, na partida entre Vasco e
Resende, pela Copa do Brasil, em São Januário, Everton Costa sentiu dores no
peito no início do segundo tempo. Após pedir para ser substituído, ele sofreu
um mal súbito no banco de reservas e teve que ser reanimado na ambulância do
estádio. Encaminhado ao hospital, o jogador passou por uma bateria de exames
onde foi constatada uma miocardite (inflamação no músculo do coração), o que
gerou uma arritmia cardíaca.
Após período de observação e uma nova ressonância magnética
na semana passada, foi diagnosticado que não houve uma grande evolução no
quadro de recuperação e a tendência é a de que uma espécie de cicatriz fique na
região inflamada do coração do atleta. Diante do fato, o cardiologista Gustavo
Gouvea optou por um procedimento cirúrgico chamado de “desfibrilador
implantado”, que consiste em colocar um dispositivo que dispara choques
automaticamente caso a pessoa apresente um novo quadro de arritmia.
Especialista na área, Gouvea admitiu que não há casos de
jogadores no Brasil atuando com este desfibrilador profissionalmente. O médico,
porém, ressalta que estudos apontam mais de 300 atletas pelo mundo com o
implante atuando normalmente, sem nenhum quadro de morte registrado.
Site da TVE Jundiaí