Cristiano Vecchio Castro Lopes, 42 anos, nos últimos quatro anos esteve na Secretaria de Esportes onde exerceu o cargo de secretário. Esportista, já que foi campeão diversas vezes estadual e nacional de motocross, modalidade onde também conquistou também títulos internacionais. Procurar transmitir o seu conhecimento na pasta, implantando projetos e aumentar o incentivo da população a praticar esporte. Nos últimos 6 meses ficou de fora da secretária, para tentar uma vaga na Câmara Municipal como vereador, A sua eleição ocorreu em outubro, conseguindo uma das cadeiras do PSD. Pai de 2 filhas, ele pretende na casa de Leis ajudar e incentivar o Esporte. Na entrevista concedida ao repórter Thiago Batista, Cristiano faz um balanço dos quatro anos do esporte da cidade, a relação do esporte com poder público, como empresas podem ajudar o esporte e seus planos como vereador.
Esporte Jundiaí: Um balanço dos 4 anos no esporte na cidade?
Vejo que de 2013 quando assumimos a Secretária tinha uma demanda na parte social. Procuramos democratizar o esporte. Fizemos uma análise e implantamos projeto sociais e teríamos a participação da população. A Secretaria antes era voltada a competição, não era o alto-rendimento, mas nem iniciação, era uma condição de competição, mas não dava assistência a cidade, não levando esporte para todos. Começamos criar projetos. Exemplo o Energiza Esporte, último que foi criado e o Circuito do Esporte, primeiro que foi criado. O Circuito do Esporte foi criado dando chances a esportes que não faziam parte do programa da Secretária como os Ocelots, que não tinham onde jogar, não tinha apoio no transporte e oficializamos local de tênis, e depois dos Ocelots veio o flag, colocamos o tênis, o stand-up paddle, como também as artes maciais abrindo um polo no Dal Santo. O tênis por exemplo formamos três turmas. Veio também Zumba nos Bairros, Férias e Lazer mexendo com a criançada com alternativas de frequentar os centros esportivos. No social, na nossa gestão avançou muito, o esporte de competição a gente manteve o modelo de funcionamento que atendia os Jogos Regionais e Abertos e se limitava a isso. Disputar Paulista e Brasileiro falta investimento o que era uma proposta para o 2º mandato, e fica uma sugestão para o grupo que irá assumir, fazer esse trabalho de investir no esporte de rendimento. Nós neste período reorganizamos todo o sistema das associações esportivas na cidade, as modalidades são vinculadas a uma associação social, e todas as modalidades podem receber patrocínio direto, e isso vai juridicamente ajudar as modalidades que é a Organização Social Esporte Jundiaí e todos os benefícios fiscais da lei paulista e federal podem utilizar essa organização. A OSEJ vem para organizar este sistema.
Esporte Jundiaí: Porque as empresas não investem no esporte no Brasil, como ocorre com frequência em outros países?
Temos que mudar a cultura dos empresários de entender o beneficio de retorno que o esporte pode trazer. Tem que mudar a cultura. E a reorganização que fizemos aqui em Jundiaí é importante, pois agora aqui todo o dinheiro que cai não vai na conta da Prefeitura, onde o dinheiro não poderia reverter. O handebol já trabalhou e recebeu recurso da OSEJ. O futsal também. Patrocinadores depositaram dinheiro e reverteram dinheiro para as modalidades. Toda estrutura jurídica aqui em Jundiaí foi feita de forma transparente e o patrocinador saberá onde o dinheiro foi investido. Patrocinador hoje não coloca o dinheiro onde denigre imagem, ele quer retorno, o sistema de propaganda de tv, rádio e televisão tem que mostrar o patrocinador. Se não tiver competição, não tem matéria para divulgar. Todos têm que mudar a cultura e valorizar. Na nossa gestão o patrocinador era valorizado com placas de agradecimento ou eventos homenageando, como as festas comemorativas com patrocinador e atletas. São ações que fortalecem o nosso esporte.
Esporte Jundiaí: Porque o esporte no Brasil é muito dependente de verba pública?
Já estamos sofrendo com isso. Aqui em Jundiaí sofre com isso. Exemplo: Paulista, se não fosse a Prefeitura teria fechado as portas há dois anos. As outras modalidades se não fosse a Prefeitura, não tem nada. Nem clubes dão condições as modalidades. Isso é um problema. Esporte de rendimento não pode ser dependente de Prefeitura e isso não pode ocorrer e temos que organizar o sistema, para não depender de orgaões públicos e sim de patrocinadores. No Paulista, a gente ajudou com o transporte e algumas taxas federativas e cedendo campos para treinos sempre na base que é até sub-20. O sub-11 e 13 foi um processo e sempre a base foi importante. E teve a integração entre as escolinhas da Prefeitura e a base do Paulista.
Esporte Jundiaí: Algum arrependimento nestes quatro anos?
Não tem nenhum, apesar da primeira participação minha na vida pública, apesar de lidar com as pessoas, foi um sonho, mas poderíamos avançar em melhorias em centros esportivos, e a crise acabou retraindo alguns investimentos, mas fizemos várias reforças, centros esportivos com cara nova, e 5 obras que começaram no mês passado e terminam no ano que vem e a nossa maior conquista foi o centro de excelência e todos os projetos foram aprovados e começar o processo de licitação que são 30 milhões para este equipamento. Criar a Secretaria de Esportes foi importante pois valorizou o esporte e não aumentou custo nenhum, deu autonomia, pois esporte não for visto como ferramenta de inclusão e qualidade de vida, vai depender muito mais da saúde, São Vicente e sobrecarregar o sistema público.
Esporte Jundiaí: Como evitar o grande desgaste dos gramados de futebol dos centros esportivos?
Ocorre por causa da frequência intensa dos centros esportivos. Eram 69 mil atendimentos quando assumi e entregaremos com mais de 140mil. É mais que o dobro. O desgaste é natural, a grama é natural. 2013, 14 teve uma estiagem forte no estado e teve um empenho grande das empresas que fazem a manutenção. Mas sempre quando chega no final do ano precisa recuperar os campos pelo desgaste que ocorre. No fim do ano, no Dal Santo entregaremos o primeiro campo público sintético. A tendência que os gramados das periferias, mas distantes do Centro fosse sintético. Tínhamos este projeto para o próximo mandato, e alguns gramados trocar do natural para o sintético. Exemplo é o Varjão. Antônio de Lima onde tem futebol americano sofre com desgaste. Teríamos quatro centros esportivos que manteria com gramado natural - Dal Santo, Benedito de Lima, Aramis Polli e Romão de Souza. Os outros a gente faria a troca, pois economizamos na manutenção. Pois este trabalho de manutenção é feito sempre de dezembro a março. O campo do Dal Santo a turma vai aceitar, pois é um material de ótima qualidade, é uma grama alta, parece até grama natural e vou indicar ao próximo prefeito que os gramados da periferia com a substituição da grama natural para sintética.
Esporte Jundiaí: A sua relação com futebol amador?
Sempre tive boa relação com times, dirigentes. Nunca tive problema pessoal. Tomamos algumas atitudes no passado para o bem do amador, pois está tendo muitas brigas, drogas e bebidas, gerando encrencas, brigas dependendo o patrimônio público. Os torcedores estavam desaparecendo e fizemos aquela atitude para conscientização, e ajudou a terminar o deste ano e os próximos. Aquele momento do ano passado foi ruim para Liga, times e para a Secretária que tivemos que ter paciência para explicar do poder público não poderia contribuir daquela forma e sim com outras atitudes. A troca na presidência na Liga foi importante para reorganizar o campeonato, mas falta muito, mas para organizar tem que ser participativo, não pode fazer calendário confuso, ser mais comprometido, com a Liga desde seu presidente os seus diretores afinados e os times tem que brigar para um campeonato organizado, pois eles também acabam ganhando.
Esporte Jundiaí: O Campeonato Regional foi criado na sua administração. Pretende que o campeonato continue na próxima gestão?
Acho que o Campeonato Regional foi um dos projetos para atender a demanda da sociedade. Sempre fui do Amador, mas vi ele muito fechado com grupos formados, e muitos de fora da cidade. Gente do Santa Gertrudes não podia participar do campeonato da Liga e constituímos no Regional. E chama assim pois a disputa era dentro da região e na fase final a gente conhecia o campeão da cidade. E teve uma regra básica: nenhum atleta poderia participar de qualquer Liga de Jundiaí ou fora, ou federado. Porque: para dar chance aquela pessoa que trabalha durante semana e gostaria de jogar a sua bola no final de semana. e o campeonato teve crescimento todos os anos, e movimentou a cidade inteira. Espero que não acabe, pois damos oportunidade de lazer aas pessoas no final de semana e acredito que o próximo secretário continue, pois, o custo é pequeno.
Esporte Jundiaí: Faltam na cidade competições amadoras de outros esportes?
Criamos o futebol de areia que é um sucesso, aproveitando o horário de verão e virou sucesso, como também o vôlei de areia. Outros esportes são feitos pelos professores e tem as disputas entre centros esportivos. Demos oportunidade, mas preferimos dentro dos centros esportivos. Campeonato deve ser realizado por associações, entidades correspondentes, não pela prefeitura, que tem que dar condições para as pessoas a praticar esportes, Prefeitura tem que entrar como apoiador
Esporte Jundiaí: Esporte na escola?
Minha base foi na escola. Eu vejo os centros esportivos tem uma característica importante que é uma espécie de 2ª fase do dia, com as crianças estudando de manhã e a tarde aparecem nos centros esportivos. São 21 na cidade e muito próximos da escola. Exemplo no Pedro Raymundo que é ligado diretamente. Precisamos a conscientização dos pais e da sociedade aproximar as pessoas do esporte. Prefeitura contribuiu com essa demanda, de dar o 2º tempo em qualquer período, seja de manhã e a tarde, sempre em local próximo a escola. Damos o incentivo, como os Jogos Regionais, que motivou as crianças a ir aos centros esportivos, aumentando 30% a frequência, com escolinhas até encerrando inscrições. A Olimpíada foi estimulador também, como também a Copa do Mundo. São os espelhos que há nas crianças.
Esporte Jundiaí: Você é um defensor de mudanças de regulamento dos Jogos Regionais e Abertos. Elas acontecerão algum dia?
O sistema dos Jogos Regionais e Abertos estão falidos. 2016 não tinha sede dos Jogos Regionais e 2015 não tinha quase sede dos Jogos Abertos. E este ano nos Regionais não forma metade do que o evento em Jundiaí. Se não restringir de gente de fora representando a cidade, e nem conhece a cidade, tem que ser reformulado. Mas para mexer, o secretário do esporte tem que ter um saco roxo, e mudar, e dá trabalho. Sistema está falido e se não mudar acaba Jogos Regionais e Abertos. Teria que ser sub-21 os Jogos, não autorizaria mudança de cidade do atleta no período de 12/13 meses, para não virar balcão de disputa. Regionais e Abertos é para incentivar as crianças e os adolescentes a participar. Não concentrar também tudo em uma cidade. Regionais estarem estabelecidos em um mês e as modalidades se encontram e fazem a atividade em um período. Para não ter a necessidade de levar 500 atletas em um curto espaço de tempo dentro da mesma cidade. Se o estado desse uma ajuda a quem é sede, e os municípios que participam uma melhor estrutura de alojamento poderia ser em 2 semanas. Se não em um mês.
Esporte Jundiaí: As prefeituras das cidades não priorizam muitos o título dos Jogos Regionais e Abertos?
Na nossa gestão nunca cobrei de resultado de ninguém, pois sei o que cada um se esforça. Município não tem que cobrar resultados. Alguns cobram por causa da política. A política não pode prevalecer sobre a questão esportiva. Nunca cobrei, porque perder ou ganhar não deve ser utilizado por partidos políticos. Não cobro, porque não é função da Prefeitura e sim apenas dar condições de participar. Quem tem que cobrar é clubes que vivem do esporte.
Esporte Jundiaí: Difícil é ser político ou esportista?
Cada um tem sua dificuldade. Esportista é prazeroso. Político talvez não está sendo da mesma forma, pois no momento que entrei na política para fazer uma gestão estava em um momento complicado, todos estão sendo tratados da mesma forma. Mas acredito na política, que podem fazer coisas positivas para as pessoas e fico feliz em ter sido secretário de esportes e consegui proporcionar momentos importantes para os nossos atletas e munícipes.
Esporte Jundiaí: Como será o Cristiano vereador?
Vai aprender agora no legislativo, vai trabalhar a questão das leis e fiscalização. Fui muito executivo, sempre estive nos eventos. Continuarei auxiliando no crescimento e conquistas do esporte. Buscar projetos de lei favorece o atleta e também projetos sócios esportivos na cidade. Quero buscar a lei de incentivo municipal, pois será importante, pelo retorno do ICSS, IPTU, pode contribuir com projetos e participação. Esse é o primeiro passo. Buscar outras alternativas, para as empresas também passar contribuir com o esporte da cidade. A lei do incentivo tem algumas cidades da nossa região como São Paulo e Bragança. São leis importantes, porque podem ajudar pessoas simples, como alguém que implantar um aula de caratê em um bairro da cidade, através da lei do incentivo, captando por esta lei. Acho que duas, três leis para 2017 que estão na minha mente e estão escritas e possam ajudar o esporte da cidade.
Esporte Jundiaí: Como Cristiano se enxerga em dezembro de 2020?
Não tenho ambições politicas, faço ela no momento. Enquanto puder contribuir para a cidade, perante a sociedade, para melhor vida das pessoas, estou dentro, fora disso, porque estar. Não almejo grandes passos para politica, quero apenas meu dia a dia. Na Câmara Municipal eu seja a pessoa que sou caso, e quero representar bem as pessoas que me deram apoio e votaram em mim. É uma obrigação minha. E que a sociedade participe do meu mandato, com ideias, para que a gente possa ampliar e fazer um bom trabalho.
Rapidinho
Qual time torce no futebol: Paulista e Corinthians
Torce por algum outro time em outra modalidade: Honda no Motocross
Um ídolo no esporte: Ayrton Sena
Um ídolo fora do esporte: Meu pai - Epifânio de Castro Lopes
Comida favorita: File a parmegiana
Bebida número 1: Refrigerante
O que detesta fazer, mas faz: Morder unha
Um sonho: De viver
Um pesadelo: Deixar a minha família
Exemplo de beleza: Minhas filhas
Estilo musical que gosta: Sertanejo
Estilo musical que detesta: Não tenho
Uma música: Pelo momento, hino nacional
Estilo favorito de filme: Comédia
Gosta de ler: Sites de internet
Que tipo de notícia não gosta de ouvir, ler ou assistir: Páginas policiais
Família é: Tudo
Quando liga a tv, paro para ver: Esporte
Mania: Sou teimoso
Vida é: Boa
Esporte Jundiaí: Uma história boa que ocorreu com você no esporte como atleta?
Uma vez numa competição de motocross, no final de 1995, quando fui campeão paulista e a final foi em Caraguatatuba. E na última volta, estava chovendo demais na cidade, o que ocorreu no final de semana, e a pista era na areia da praia e estava em 1º lugar, meu pai estava no meio da pista e de sunga. Foi uma cena que me marcou até hoje. Tinha muita gente de sunga vendo a prova, mas ninguém da equipe, e ele para comemorar o título, ele apareceu de sunga e faltava apenas uma volta.
Esporte Jundiaí: Uma história boa que ocorreu com você no esporte como secretário?
No final do ano passado, quando fomos fazer o evento da Zumba no Parque da Cidade. Era a última do ano e subi para fazer o encerramento da cidade e os professores me fizeram puxar o começo da aula e tinha 500, 600 pessoas. As professoras tiraram microfone da minha boca e tive que puxar as primeiras coreografias. Não tinha como dizer não, porque estava lá em cima e todos incentivando. Estava mais vermelho que outra coisa, mas pelo menos que sai bem. Puxar uma aula de zumba sem saber quase nada, mas pouco que conhecia, consegui.
Esporte Jundiaí: Para finalizar, qual a música para ouvir hoje?
Tocando em frente, de Almir Sater
Thiago Batista – Esporte Jundiaí / fotos: Assessoria de imprensa da Prefeitura de Jundiaí - Site Trial Clube Miracemar e arquivo do Esporte Jundiaí