O técnico Abel Ferreira não definiu seu futuro após o título do Brasileirão conquistado nesta quarta-feira com o empate em 1 a 1 com o Cruzeiro, no Mineirão. Passada a partida, o comandante alviverde falou sobre o carinho que possui pelo clube, mas voltou a externar seu cansaço com a rotina insana do futebol praticado no Brasil, que o impede de coisas simples, como ter mais tempo com a família e até mesmo gastar o dinheiro que recebe para lazer. O treinador se reunirá com a diretoria do Palmeiras nesta sexta-feira para debater passado, presente e futuro.
Assim como nas outras duas temporadas, o comandante
português entregará à alta cúpula alviverde um relatório que conduzirá o
planejamento de 2024, ano em que o clube corre o risco de ter um novo
treinador.
“Em 2024 (o
calendário) vai ser pior ainda, tem jogos de dois em dois dias. Vamos ter
jogadores chamados para as seleções. As pessoas têm que entender que os clubes
do Paulista estão se preparando para enfrentar o Palmeiras, que ainda vai
entrar de férias, e aí vão exigir de mim um desempenho melhor do que o ano
passado. Não sei se tenho energia para continuar tirando o máximo dos meus
jogadores. Preciso descansar. Vou fazer o que sempre fiz. Vou para casa,
descansar, que é o mais importante para mim nesse momento. Vou desfrutar a
minha família, meus pais, meus amigos. Tenho um bom contrato aqui, não posso
negar, mas quero ter tempo para gastar o meu dinheiro”, declarou.
Abel
Ferreira possui contrato com o Palmeiras até 2024 e disse após a conquista do
Campeonato Brasileiro, nesta quarta-feira, que “contratos devem ser cumpridos”
(deixando a interpretação que pagamento de multa rescisória é cumprir contrato).
Especulado no Al-Sadd, do Catar, Abel Ferreira não fecha as portas para nenhuma
possibilidade. Uma delas, inclusive, é de sair do Palmeiras, mas não
necessariamente assumir outro clube, optando por um período sabático.
Com três
anos de futebol brasileiro, Abel Ferreira garante que sua família terá um papel
importante em sua decisão para o futuro de sua carreira. O treinador chegou a
lidar com a distância de sua esposa e filhas durante um bom tempo no início de
sua trajetória no Palmeiras, mas agora parece estar disposto a priorizar a
companhia das pessoas pelas quais mais tem apreço.
“Vivo o aqui
e agora. A experiência me diz que a única constante da vida é a incerteza. Não
sabia se viria ao Brasil, se ia ganhar títulos, se ia me despedir depois de
três meses. A única coisa que digo aos torcedores é para que desfrutem mais um
título. Nunca na história o Palmeiras ganhou tanto em tão pouco tempo. O que
acontecer no futuro vai ser bom para todas as partes, seja qual for a decisão.
Tenho um contrato, contrato é para se cumprir. Mas, vocês têm que entender que
preciso descansar, e a decisão pode ser ir para casa. Só de pensar que dia 5 ou
dia 8 tenho que estar aqui, depois competir dia 17… tenho que pensar muito com
a minha família. A decisão dos últimos anos foi tomada baseada em mim, de forma
egoísta. Chegou a hora de eu dar todo tempo à minha família. O que vou decidir
é o que é melhor para minha família, não o que é melhor para o Abel”,
completou.
Aos 44 anos, Abel Ferreira está à frente do Palmeiras há mais de três temporadas e conquistou nove títulos: duas Copas Libertadores, dois Campeonatos Brasileiros, dois Campeonatos Paulistas, uma Copa do Brasil, uma Supercopa do Brasil e uma Recopa Sul-Americana.
