Fausto Dias, treinador do Paulista: “Depois do acesso tiramos uma geladeira das costas”

28/09/2024 - 03:04

Fausto Dias sempre concedeu entrevistas muito sinceras durante toda a campanha do Paulista rumo ao título da ‘Bezinha’ e o acesso para Série A4. O acesso do Galo tirou um peso muito grande de todos. Como ele mesmo disse, do tamanho de uma geladeira.

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“Depois do acesso tiramos uma geladeira das costas. Era uma geladeira grande, aquela com duas portas”, contou o treinador do Galo, em entrevista ao Esporte Paulista nesta semana.

O treinador contou detalhes sobre a campanha do acesso. Disse que se lembra qual jogo dele no sub-20 do Ska Brasil chamou atenção, para ele receber o convite para comandar o Paulista, para o desafio de comandar o time na ‘Bezinha’, em seu primeiro trabalho com elenco profissional.

“Na base, nós tivemos momentos muitos bom, que ganhamos de alguns e depois fizemos um jogo contra a seleção da Rússia sub-20 no ano passado, que terminou 2 a 2 e foi muito bom. Inclusive este jogo abriu portas para mim no Paulista, que na ocasião o Wilson (até então diretor de futebol do clube) estava assistindo. Na base tivemos momentos muito bons, mas agora, no profissional, acho que, sem dúvida, é o melhor momento da minha carreira”, complementa.

Durante a campanha, Fausto teve atenção especial com a disciplina e psicológico dos atletas – time chegou a ter 25 cartões de 40, por cartões desnecessários. Essa preocupação foi mais na segunda fase. E essa atenção deve continuar, até mesmo para a montagem do elenco para Série A4. 

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“Nós tivemos um período da competição (‘Bezinha’), um desequilíbrio emocional muito grande, que nós tivemos que fazer algumas campanhas aqui urgente com psicólogo, com palestra, porque tivemos um número de cartão muito alto e por faltas que não precisava ser cometidas. Tivemos um momento que tínhamos quase 40 cartões e fomos rever esses cartões e mais 25 cartões não era uma falta tática, ou uma falta necessária”, disse.

Sobre o futebol praticado pelo time na competição, Fausto admite que precisou se adaptar um pouco a divisão. E lembra qual jogo que chamou atenção para esse fato.  “O jogo que empatamos com o (Colorado) Caieiras, o 0 a 0. Após aquele jogo eu fui pra casa, sentei, assisti ao jogo por três vezes e falei, eu vou ter que jogar a divisão. O primeiro tempo que eu fiz aqui (contra o Colorado) por três momentos nosso time fica com a bola mais de 1min30. Até ali era o que eu estava querendo implementar, mas eu cheguei numa conclusão que não ia dar (esse etilo de jogo) pra ser assim na divisão. Então eu fui adaptando, acabamos criando algumas formas de chegar mais rápido no gol, que era atrair o adversário pro meu campo, para aí esticar no campo dos caras (adversário) e aí eu vi que deu resultado, pois nossos jogadores estavam mais adaptados a esse tipo de jogo. Agora na A4 eu espero jogar um pouquinho mais com posse de bola e usando mais o meio-campo e um jogo mais vistoso”, disse.

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“Eu não gosto de chutão e em algum momento eu tive que dar chutão na divisão pela qualidade do campo e também pela correria que é. Então o que a gente vê é que na A4 os tipos de pressão são um pouquinho mais organizados, então você consegue construir um pouco melhor partindo do goleiro, da chamada zona 1. Então acaba tendo um pouquinho mais de conceitos técnicos e táticos na A4. Então eu acho que vai dando possibilidades de o treinador colocar um pouquinho mais a mão dele”, comentou em outro momento da entrevista.

Sobre as variações de jogo, que o time teve ao longo da ‘Bezinha’, especialmente a partir da segunda fase, Fausto explicou um pouco.

“As alterações que nós fizemos de sistema foi muito mais por encaixe de adversário, do que pelas peças que nossas. Por exemplo, a gente criou esse quadrado no meio de campo. A gente construía ali com três por trás, mas desenhava um quadrado no meio com dois volantes, um meia e o Léo Souza virava um outro meia. O Léo defendia como ponta, para compor a linha de quatro no meio, mas ele atacava como meia, e até em alguns momentos era até mais um atacante. E com isso o Marola descia na direita, e quase virava ponta né, então a gente fazia 1-2 contra o lateral dos times adversários e o Léo sendo meia. E dava muito ataque de espaço, pois gerava dúvida no lateral adversário (...) Esse posicionamento do Léo (na fase final) a gente definiu após ver alguns jogos dele na base do Fluminense, quando ele atuava como 10, como também batemos um papo com ele”.

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Outra mudança que deu certo no ‘mata-mata’ foi a dupla de ataque sendo formada por dois jogadores de área, como Christopher e Vinícius Caveira, que funcionou muito bem no confronto contra o Flamengo de Guarulhos, na ida, quando Caveira fez o passe para o gol de Chris. 

“Como o Chris não tinha característica de vir com o pé e de atrair e receber de um volante, o  Caveira vinha e tirava o zagueiro (da área) e o Cris ocupava o lugar que o Caveira. Então foi essa ideia que nós trouxemos pra esses jogos (contra o Flamengo). E acabou que o gol do Cris aqui em casa é essa baita jogada, com o Chris saindo, jogando e primeira com o Caveira, que tira o zagueiro da linha, pois ele está na linha do meio-campo e o Chris faz o gol. E foi exatamente como a gente tinha planejado. Deu certinho”.

Fausto Dias renovou seu contrato com o Paulista na última segunda-feira. Ele revelou que recebeu propostas de dois times, sendo um, rival do Galo na A4. 

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“Eu tive uma conversa com um time novo, de Minas, que chama North Esporte Clube (clube da divisão de acesso do Campeonato Mineiro, 4º colocado em 2023, e da cidade de Montes Claros). Mas somente conversei com eles e o Audax. Audax me sondou, queriam fazer proposta, mas eu não sair do Paulista para um time da divisão de jeito algum. Porém eu já tinha no coração de ficar e confirmar com Deus e a família. E a gente vai estar até novembro do ano que vem, pois com fé que nós vamos estar na Copa Paulista”, disse.

Na próxima reportagem sobre Fausto Dias, você conhecerá detalhes sobre como deve ser a montagem do time do Galo e o que ele espera da A4. 

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