O TJD de São Paulo marcou para a próxima quarta-feira, 5 de março, o julgamento sobre o caso de racismo que ocorreu na Série A2 do Paulistão na quinta-feira da semana passada. O goleiro Tom, da Portuguesa Santista, sofreu racismo por parte de torcedores do próprio time, durante a derrota para o São José por 3 a 0, em Ulrico Mursa. A Briosa pode perder pontos na Série A2 e até ser excluída da competição, por conta de desdobramentos do que ocorreram no jogo.
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O procurador Rodnei Jericó da Silva da 3ª Comissão Disciplinar do TJD, denunciou a Associação Atlética Portuguesa (a Briosa) em dois artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva – 243-G / parágrafos 1º e 2º e 203 – paragrafo 1º.
No artigo 243-G / parágrafos 1º e 2º, a Briosa pode perder 3 pontos na classificação da Série A2, por conta dos atos racistas praticados por seus torcedores.
No artigo 203 parágrafo 1º, a Briosa pode ser excluída da Série A2 (e por consequência rebaixada) por conta do abandono de campo promovido pela equipe, no fim da partida, segundo a súmula do árbitro Henrique Otto Cruz Hengstmam.
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Segundo o Site G1, em matéria publicada em 25 de fevereiro, um torcedor suspeito de cometer injúria racial contra o goleiro da Portuguesa Santista durante uma partida em Santos, no litoral de São Paulo, prestou depoimento à polícia e negou ter cometido o crime. Conforme apurado pelo g1, o homem de 30 anos disse que não teria lógica em ofender o atleta por conta da cor da pele, uma vez que ele também é negro.
Conforme relatado na súmula da partida, o jogo foi paralisado próximo dos 30 minutos do segundo tempo após o goleiro Winiston Cristian Santos, conhecido como Tom Cristian, de 33 anos, relatar ter sido chamado de 'macaco', 'filho da p***' e 'preto' pelos torcedores do próprio time.
Na declaração obtida pela equipe de reportagem, o suspeito disse à polícia que assistia à partida no estádio e, após o terceiro gol do time visitante, o São José, ele e alguns torcedores xingaram os jogadores do time da Portuguesa.
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Segundo o homem, nenhuma ofensa foi racista.
De acordo com o relato, o suspeito e os outros torcedores ficaram sabendo pelos policiais sobre o jogo ter sido encerrado por conta dos insultos racistas contra o goleiro. O homem, porém, alegou que ninguém escutou ou presenciou o crime da arquibancada.
O homem acrescentou que, após o jogo, ficou por mais 10 minutos no estádio antes de voltar para Guarujá, onde mora. Ele alegou também que, desde o início do campeonato, o goleiro não simpatizou com membros da torcida por causa das constantes cobranças de melhores desempenhos nos jogos.
Segundo o documento, Tom informou ao árbitro a decisão de não continuar no jogo. Em seguida, os atletas e membros da comissão técnica da Portuguesa Santista apoiaram o goleiro e deixaram o campo. O abandono foi formalizado após 23 minutos de paralisação e a partida foi encerrada.
Com o auxílio de imagens feitas durante a partida, Tom e outros jogadores da Briosa identificaram um dos suspeitos pelo crime. Segundo o goleiro, este homem iniciou as injúrias raciais, influenciando outros torcedores do time.
A pena de injúria racial é de dois a cinco anos de prisão. Além disso, como o crime foi cometido dentro de um estádio de futebol, os envolvidos também podem ser proibidos de frequentar eventos esportivos por até três anos, ainda segundo o agente.
