Este é um texto informativo e também de opinião. Nos últimos 45 dias, eu, Thiago Batista, ouvi de gente ligada ao futsal reclamações sobre a estrutura da modalidade em Jundiaí e sobre a perda de importância que o futsal teve na nossa cidade. Nem esperava que o ápice chegasse neste domingo. Porém chegou, e a gente sentiu diante dos nossos próprios olho, ao ver ao vivo a decepção de crianças que não puderam exibir em quadra seu grande talento, porque simplesmente uma rodada que havia sido programada foi cancelada, devido a falhas na organização.
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Neste domingo, três jogos da Copa Garotão haviam sido programados. E teriam transmissão nossa, do Esporte Paulista, no YouTube. Teríamos Borgo Mozzano x Chute Inicial pela final do sub-10, a semifinal do sub-9 e V10 Soccer x Itupeva pela final do sub-13.
Porém, chegando ao Bolão, por volta das 9h, já estava rolando futsal na quadra interna – mas de adultos. A informação que nos chegou era de um torneio de fim de ano, marcado pela própria Liga. Eram quatro times jogando. E depois ainda ocorreria a decisão de 3º lugar da Liga Sorocabana de vôlei, entre Time Jundiaí x Itapevi (começaria às 11h30).
Vendo o celular, chegou a informação de que a rodada havia sido cancelada por volta das 7h, 7h30 da manhã, pois os jogos da Copa Garotão precisaram ser cancelados justamente por outros eventos estarem programados para o Bolão.
Só que o inevitável aconteceu. Nem todos conseguiram ficar sabendo do cancelamento, por já estarem no caminho, como foi o nosso caso e também o de crianças que iriam jogar.
Presenciamos a frustração de duas crianças que não iriam jogar neste domingo. Uma delas até perguntou ao pai: “Pai, mas por que cancelou a rodada?”. E o pai procurava encontrar alguma resposta para dizer ao filho, sem frustrar ainda mais a criança, que tinha apenas uma vontade neste domingo: jogar bola, mostrar seus talentos, “rabiscar”, “cortar para dentro”, fazer gol.
O que ocorreu neste domingo com a Copa Garotão não pode se repetir. Não deve mais acontecer. Porém esse é apenas um capítulo do que acontece com o futsal da cidade.
Jundiaí é uma das grandes forças do futsal. Não é à toa: é o grande campeão da Taça Piratininga de futsal, torneio que reúne seleções formadas pelas Ligas do interior.
Só que parece que essa força não existe mais na cidade. E um dos motivos é o “ego”. Isso pode estar destruindo o futsal da cidade.
Este é o momento para que ocorra união no futsal de Jundiaí. De se buscar um caminho único. E não cada um tentar seguir o seu caminho, mas com desorganização, em que somente um lado perde: o futsal de Jundiaí.
O reflexo está chegando no futsal de alto nível de Jundiaí, que atualmente não tem nenhuma equipe disputando torneios da Federação Paulista entre o sub-10 e o sub-20. Quando comecei na carreira como jornalista, havia até quatro clubes jogando, nas mais diversas séries, os torneios de base da FPFS (Clube São João, Esportiva, Nacional e Show Ball). Hoje, há apenas o Metalúrgicos, nas famosas categorias “chupetinha” e “mamadeira” (sub-7 a sub-9), e muito graças a disposição interminável de José Carlos Maia. Do sub-10 até o sub-20 não temos nenhuma equipe.
O campeonato local, de duração anual, tinha entre 10 e 12 equipes por ano em cada categoria. A Copa Garotão, tradicional, passava dos 40 times, com equipes de escolas participando.
Eu já ouvi de gente importante do futsal, que se não ocorrem mudanças no futsal de Jundiaí, não volta a colocar time para disputar competições na cidade. Para justamente não se frustrar.
O que era um orgulho para a cidade – uma seleção da Liga ou equipe adulta da cidade, que sempre brigava pelo título da Copa TV Aliança e depois da Copa TV Tem, e sempre lutava por medalha em Jogos Regionais e Abertos – hoje é apenas retrato de museu. Pois, dentro de quadra, não há uma seleção ou equipe adulta representando o nome de Jundiaí pelo estado de São Paulo.
Até os árbitros estão reclamando e clamando por socorro no futsal de Jundiaí. Eles, que tinham muitos eventos para apitar, fazer uma renda extra e mostrar que a cidade também tem bons árbitros no futsal, hoje ficam torcendo para que seus nomes apareçam na escala da Liga. Em eventos da Federação, mal aparecem – reflexos dos problemas que o futsal da cidade enfrenta.
Um tempo atrás, ouvi de um dos apitadores, que precisou fazer eventos na Liga de Valinhos, para não “perder a forma” de apitar, pois ficou bom tempo sem escala na cidade.
É um momento para que o futsal de Jundiaí faça uma reflexão. Se preciso, que se faça uma pequena pausa. Reunir todo mundo. Aparar as arestas. Acabar com os “egos”. Ter apenas um caminho, uma organização. Não procurar um salvador, um herói adulto.
O futsal de Jundiaí precisa revelar novos heróis. Porém, não com a caneta na mão, assinando papel. E sim heróis jovens, no plural. Heróis jovens que anotem gols de títulos. Crianças de 10, 11, 12, 13 anos. Que apliquem “canetas” sobre seus rivais para marcar verdadeiros golaços.
Pois, se o futsal de Jundiaí continuar no status em que está, daqui a pouco não terá nem caneta para assinar papel e muito menos veremos uma “caneta” de um jovem de 10 anos em uma quadra da cidade.
Ainda é tempo de corrigir – e bem – a rota. Não ir até a linha de fundo para fazer gol contra, e sim gols a favor do futsal de Jundiaí.
PS: Estamos abertos para ouvir todos sobre o futsal de Jundiaí, sugerir melhorias. Pois queremos o futsal de Jundiaí sempre grande. A gente quer narrar muitos gols, pois ainda dentro de quadra, temos jogos de bom nível, como presenciamos nas transmissões de sábado no nosso canal no Youtube, como Borgo Mozzano 4x7 CTA Team Jhones no sub-11, Borgo Mozzano 2x7 Vital Futsal no sub-15 e BDN Itupeva 2x0 Águia pelo sub-15. Tem muita gente talentosa nestas seis equipes.
