Desde que acompanho futebol, a Copa São Paulo de futebol
júnior é conhecida como a competição que mais revela talentos para o futebol
brasileiro. Até por ocupar um espaço que no nosso país não havia futebol
profissional e não havia grande destaque para os campeonatos internacionais de
futebol (e também de outros esportes – como a NFL – por exemplo), a Copinha
como é carinhosamente chamada, atrai nossas atrações. Torcedores acompanham seu
time e cobram os jogadores como se fossem atletas da sua equipe na disputa da
Taça Libertadores. Alguns jogadores se destacam, mas especialmente nos times
vencedores da Copinha poucos são os talentos que jogam na equipe
principalmente. Especialmente se este clube se chamar Corinthians.
Finalista nas últimas três edições não teve nenhum atleta
atuando com destaque no time profissional. Nenhum. Vamos aos argumentos.
Primeiro, trago as escalações do Corinthians nas finais das edições de 2014, 15
e 16.
Corinthians 2014
(perdeu para o Santos na decisão): Henrique; Lucão, Pedro, Luiz Gustavo e
Guilherme Arana; Fabiano, Ayrton, Zé Paulo e Malcom; Léo e Lucas
Jogaram no time
principal: Guilherme Arana e Malcom
Corinthians 2015 (venceu
o Botafogo de Ribeirão na final): Caíque França, Léo Príncipe, Rafael Augusto,
Rodrigo Sam e Guilherme Arana; Maycon, Marciel, Matheus Vargas e Marcinho; Yan e
Gabriel Vasconcelos
Jogaram no time
principal: Guilherme Arana, Léo Príncipe, Maycon e Marciel
Corinthians 2016
(perdeu do Flamengo na decisão): Filipe; Léo Príncipe, Vinicius, Dawhan e
Guilherminho; Warian, Maycon e Matheus Pereira; Gustavo Tocantins, Gabriel
Vasconcelos e Léo Jabá
Jogaram no time
principal: Léo Príncipe, Maycon, Matheus Pereira e Gustavo Tocantins
Nos 3 anos que o Corinthians foi a decisão da Copinha,
jogaram no time principal sete atletas e apenas um teve destaque: Malcom, que
foi peça importante no título brasileiro de 2015, como meia/ponta-esquerda.
Arana sempre disputou posição com Uendel, mas é visto com grande futuro no clube.
Léo Príncipe é atualmente reserva de Fagner. Os outros quatro jogadores não
tiveram grandes chances de mostrar seu potencial, mesmo com os titulares nestas
posições contestadas. Pois o torcedor do Corinthians gostaria de ver Maycon e
Maciel atuando como volantes da equipe titular nos lugares de Cristian e
Willians (este já foi embora), mas nunca deram chances. Gabriel Vasconcelos e
Léo Jabá sempre marcaram gols nas categorias de base, mas a diretoria do clube
prefere trazer o Gustagol, pois acham que os garotos não teriam cancha para
aguentar a pressão do futebol profissional. O Gustagol parece que vem
aguentando bem a pressão.... (só que não).
O Flamengo, finalista de 2016, com exceção do Felipe Vizeu,
os outros dez jogadores titulares, não tiveram grandes oportunidades. Nem no
banco de reservas. Para 2017, se comenta de começar a dar chances ao volante
Ronaldo (que na verdade é revelado nas categorias de base do Paulista). Santos, bi-campeão 2013/14, que tem a alcunha
de sempre dar chances aos garotos, não deu grandes oportunidades a uma geração
vencedora da Copinha. Do time que venceu o Corinthians em 2014, nenhum atleta nos
dias de hoje atua no Peixe ou clube grande do país e fora do Brasil apenas está
o zagueiro Paulo Ricardo, emprestado ao Sion, da Suiça. O lateral Daniel Guedes
e o meia Serginho tiveram algumas chances, mas hoje ou ficam no banco de
reservas ou atuam em outros clubes. Do time vencedor em 2013, Alison é reserva
no Peixe, sendo emprestado a alguns clubes, o zagueiro Jubá está em um clube
pequeno de Portugal, Lucas Otávio e Léo Citadini tem poucas oportunidades no
time principal do Peixe e apenas a estrela da companhia na época, Neilton, teve
mais sucesso, jogando por Cruzeiro e Botafogo, e agora chegando ao São Paulo.
E na década ainda tivemos os times vencedores do Corinthians
de 2012 e Flamengo em 2011. Do time de
Parque São Jorge apenas Marquinhos teve sucesso e fora do Timão, já que no
clube não teve chances de mostrar o seu futebol (era considerado baixinho para
posição de zagueiro) e do Mengão apenas Negueba teve destaque, sendo sempre
reserva nos clubes que passa (atualmente o atacante está no Grêmio).
No formato atual da Copa São Paulo, onde um time pode jogar
nove partidas em 23 dias, não há espaço para se revelar talentos. Mas com a
filosofia dos grandes clubes brasileiros, em contratar um jogador nota 5, em
vez de apostar em um garoto que hoje pode ser nota 7, os diretores preferem
contratar os nota 5 que não são do clube. E com contratos longos e sem chance
depois serem vendidos ou até mesmo dispensados, pois tem uma cláusula de
rescisão bastante alta. Enquanto os garotos, ainda mais se forem campeões, uma
mão de obra é mais barata e rentável, não tem oportunidades, nem como “estagiários”.....
Então a competição poderia mudar sua nomenclatura para Copa “Sem revelações” de
futebol junior.
Por Thiago Batista –
criador e responsável pelo Esporte Jundiaí