O
rebaixamento do Paulista na tarde deste sábado, é apenas a ponta do iceberg que
mostra como o esporte de Jundiaí decaiu em pouco mais de uma década. Se a menos
de 15 anos atrás a cidade tinha um time de futebol forte, que jogava na elite
do estadual, não era diferente do esporte da cidade no todo, que empilhava
títulos nos Jogos Regionais, revelava talentos e conquistava títulos em
torneios de base e competições regionais adultas. Só que tudo isso foi
minguando, minguando e minguando. Até o Campeonato Amador de Jundiaí,
considerado por muitos um dos top-5 do estado, também entrou nessa decadência e
hoje fica atrás em nível técnico com o Amador de Várzea Paulista, uma cidade
vizinha. Ou seja, não é apenas o Paulista de Jundiaí que precisa acordar. É o
Esporte de Jundiaí que precisa urgentemente ser acordado. Pois hoje temos um
Paulista e um esporte de Jundiaí sem identificação, sem apoio e sem perspectiva
para o futuro. Ao menos, que todos que cuidam do esporte (inclusive o Paulista)
acordem!
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Eu sou do
tempo que o nome Jundiaí era respeitado esportivamente. Era o Paulista de
Jundiaí. Era o Divino de Jundiaí. Era o basquete feminino do Tarallo. Era o JHC
/ handebol da Rita Orsi. Era o vôlei, que incomodava em competições sub-19 da
Federação. Era o ciclismo de Israel Bernardi. Era o futsal do Clube São João.
Era Jundiaí campeão dos Jogos Regionais e brigando firme por top-10 na elite
dos Jogos Abertos. Era, era e ficou no era.
O presente
do esporte de Jundiaí não existe. Nem no Paulista, nem em lugar algum do
esporte de Jundiaí. E também ficou no passado os títulos de Jogos Regionais e
campanhas boas nos Jogos Abertos.
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Jundiaí que
chegou a conquistar por 13 vezes seguidas os Jogos Regionais. Uma era que
começou em 1999 e acabou em 2011. Depois disso somente foram mais duas
conquistas gerais de Jogos Regionais – 2013 e 2015. Desde 2016, Jundiaí vê
Sorocaba ser campeã, e hoje está mais ameaçada de ser ultrapassada por Itu e
ficar em 3º, do que propriamente terminar com título dos Regionais, tamanha a
diferença que Jundiaí ficou Sorocaba esportivamente.
E se fizer
um recorte apenas no futebol masculino, em 2011, mostrasse a distância que
existia entre Jundiaí e Sorocaba. Com apenas um único clube, foi 10º colocado
da 1ª divisão, a Série A1, ficando apenas três pontos de ir as quartas de
final.
Sorocaba com
DOIS CLUBES na época sequer estava na divisão de elite do futebol masculino. O
Atlético Sorocaba jogou a Série A2 e ficou na 5ª colocação – time que nem
existe mais, e o São Bento, jogou a A2, ficou na 18ª colocação geral e foi
rebaixado para A3.
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2011 Jundiaí
tinha um time de futsal, que usava a camisa do Paulista, e foi nas quartas de
final do Paulistão de futsal adulto masculino. Empilhava conquistas no basquete
feminino sub-19. Chegava em finais no júnior e/ou juvenil ou cadete no handebol
feminino da Federação. Basquete masculino encarava de igual para igual na
cidade os chamados grandes da modalidade. Idem para as equipes de vôlei.
Hoje Jundiaí
não tem equipe de futsal adulto. Basquete feminino sequer disputa competições
estaduais.
Handebol
feminino sobrevive graças a garra e paixão da Rita Orsi. Os mesmos para os
treinadores do basquete e vôlei – Moacir Regra, Mina, Leonel e Ademir. Mas sem
a estrutura que o esporte de base necessita hoje.
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Não dá mais
para fazer esporte, mesmo que de política pública como era em 2011. Mudou
bastante. Não dá para fazer futebol como o a mesma estrutura que tem, como era
em 2023. Tudo evolui. Só que Jundiaí esportivamente parou no tempo.
Meu caro
leitor, que nos acompanha desde os tempos de Esporte Jundiaí. Fora Paulista e
Guilherme Salas, o que é falado de esporte de Jundiaí na ‘Globo’ (leia-se TV
Tem). Quando foi a última vez que você foi assistir um jogo no Bolão, mesmo que
um jogo amador? No Romão de Souza? Tsc, tsc, tsc...
E o
Campeonato Amador de Jundiaí. Outrora um dos mais respeitados no estado de São
Paulo, hoje é motivo de chacota na cidade, devido a enorme bagunça que a Liga
Jundiaiense de Futebol atravessa devido a diretorias ruins que passaram na
entidade, pós-era Toninho da Liga (terminou em dezembro de 2014).
O que era
digamos impensável em 2011, menos de 12 anos depois é realidade: o Amador de
Várzea Paulista, da vizinha Várzea Paulista, hoje é mais forte, e com mais
desejo dos jogadores em disputar, do que o Amador de Jundiaí.
Nem vou
dizer dos campeonatos amadores de futsal, que minguaram. Quase nem existem. Em
2011, tinha campeonatos da Liga, com direito a transmissão em vt de televisão.
Hoje quem gosta de futsal precisa caçar competição literalmente na cidade.
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Torneios de
base de futebol e futsal também ‘desapareceram’, devido ao sucateamento que
ocorreu. Competições que deveriam ter apoio do poder público, até serem
realizados pelo poder público, já que ajudam também na formação humana de
crianças e adolescentes praticamente não existem hoje na cidade.
E para o
futebol profissional de Jundiaí isso é um reflexo péssimo. Hoje, o Paulista
sequer tem uma categoria sub-20. Sub-15 e 17 no último Paulistão de base foi
saco de pancadas, e até perdeu confrontos para o Metropolitano de Campo Limpo
Paulista – alguém imaginaria o Paulista tomar 3 a 0 de um clube de Campo Limpo
Paulista em 2011 na categoria sub-17 – acho que não, né?
Repare meu
caro leitor: o Paulista é um reflexo do esporte de Jundiaí. Como várias pessoas
dizem, Jundiaí virou um túmulo do esporte. Será que o desejo é que o Paulista e
tudo relacionado ao esporte de Jundiaí seja enterrado, acimentado e fique para
sempre numa cova do cemitério Nossa Senhora do Desterro, ou será que a partir
de segunda-feira, vai todo mundo calçar as sandálias da humildade e tirar os
pacientes Campeonato Amador de Jundiaí, Paulista e esporte amador de Jundiaí
(pode dizer Time Jundiaí) da UTI e fazer ele respirar bem?
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Não está na
hora do esporte da cidade, de quem manda, quem tem a caneta, se aglutinar, se
juntar, se unir, e fazer a cidade respirar esporte?
E dar
condições a quem ama o esporte fazer ele ocorrer na cidade, e poder fazer
equipes competitivas e sem medo de ser infeliz?
Não está na hora
de Jundiaí voltar a ser a cidade respeitada em Jogos Regionais? Lutar por
título geral, rivalizar com Sorocaba, do que se contentar com um segundo lugar,
com risco de ser ultrapassado e ficar mais uma posição abaixo no pódio?
Que tal,
começar copiando alguns exemplos de cidades do interior, e transformar todas as
equipes da cidade Paulista (Piracicaba, Americana e Itu são exemplos, que as
modalidades carregam os nomes do time mais famoso de futebol). Com todas
equipes se chamando Paulista, ganhasse torcida imediato, o carinho da
comunidade e todos os atletas terem orgulho de vestir uma camisa com as cores
vermelha, preta e branca. Não apenas jogadores de futebol, mas atletas, do
basquete, vôlei, futsal, handebol, ciclismo e etc...
Pois o nome Time
Jundiaí para as chamadas equipes olímpicas e amadoras da cidade não pegou na
cidade. Muitos talvez nem sabem que existe desde 2017 esse nome. Talvez apenas
no Paço Municipal. E olhe lá, ainda!
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Paulista,
apesar de hoje ser até motivo de chacota, é uma marca ainda muito forte. Que
bem usada, pensava e planejada, pode voltar a ser forte. Pois é o Paulista de
Jundiaí. Não é o Paulista da Praça Salim Gerbram. Como o esporte de Jundiaí é
do Bolão. E não ficar apenas dentro das memórias de cada pessoa.
Pois a
cidade deseja cultivar novos ‘Marcels’, ‘Mossorós’, ‘Damiris’, ‘Magics Paulas’,
‘Andrezinhos’, ‘Jhows’, ‘Alexandras’, ‘Rudás’, ‘Israels’, ‘Julinhos Silvas’, ‘Nenês’,
e tantos outros.
Só que as “forças
de Jundiaí’ precisam acordar. Pois hoje o Paulista é um clube chato, sem graça,
sem identidade, com estádio feio, sem apoio da comunidade e sem futuro algum.
Reflexo de Jundiaí,
que se transformou uma cidade chata, sem graça, feia e suja, sem identidade e
sem futuro algum. Acordem o Paulista! Acordem o esporte de Jundiaí!
Thiago
Batista é jornalista e editor-chefe do Esporte Paulista. Trabalha desde 2006 na
área, com passagens no Lance (Caderno do Interior – cobrindo o Paulista),
Agência Bom Dia, Jornal da Cidade e Jornal de Jundiaí, Rádio Cidade Jundiaí,
Rádio Difusora Jundiaí, TV Japi e TVE Jundiaí. Desde 2009 mantém um site esportivo
na internet – primeiro Esporte Jundiaí e desde 2021 como Esporte Paulista.
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