A semana do
futebol está hipermovimentada. No fim de semana foi aprovada a criação do Super
Mundial de clubes, a ser disputado a cada quatro anos. E foi dado o sinal verde
para a criação da Superliga europeia de clubes. Movimentos que podem até revolucionar
o futebol em médio-longo prazo. Mas podem ter efeitos já a curto prazo.
A novidade
mais recente é que o Tribunal Superior da Europa decidiu na quinta-feira que o
controle do futebol europeu pela Uefa é um monopólio ilegal segundo a
regulamentação da União Europeia. Essa decisão é um impulso significativo ao
projeto da Superliga.
A Superliga
e os seus apoiantes, A22 Sports, argumentaram que a proibição do torneio pela
Uefa e as ameaças de punições aos clubes participantes são incompatíveis com
leis europeias sobre liberdade de competição.
A decisão de
quinta-feira do Tribunal de Justiça Europeu [TJE] concluiu que as regras da
Fifa e da Uefa que exigem que as novas competições de futebol sejam sujeitas à
dos órgãos são “contrárias à legislação da União Europeia”.
O Tribunal
considerou que a organização de competições é uma atividade econômica, e “por
isso deve cumprir as regras da competição e respeitar a liberdade de
circulação”.
A decisão
vai contra um parecer emitido pelo Advogado-Geral do Tribunal em dezembro de
2022, que argumentou que os regulamentos da Uefa e da Fifa estavam em conformidade
com a legislação da União Europeia.
O Tribunal
concluiu que Fifa e a Uefa estavam a “abusar de uma posição dominante” no seu
controle do mercado do futebol.
A decisão
representa um impulso significativo para o projeto da Superliga, que pretende
substituir a Liga dos Campeões da Europa.
“Ganhamos o
direito de competir”, disse Bernd Reichart, CEO da A22 Sports. “O monopólio da
Uefa acabou. O futebol é livre. Agora os clubes não sofrerão ameaças e
punições. Eles são livres para decidir o seu próprio futuro”.
Inicialmente,
12 clubes (Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Manchester United,
Tottenham, Atlético de Madrid, Barcelona, Real Madrid, Milan, Inter de Milão e
Juventus) inscreveram-se como membros do Superliga para seu lançamento, em 18 de
abril de 2021, em um movimento que surpreendeu o mundo do futebol.
O projeto,
liderado por Florentino Perez, do Real Madrid, e Andrea Agnelli, da Juventus,
nasceu da frustração com o papel dominante da Uefa como organizadora da Liga
dos Campeões, e da insatisfação com o formato e modelo de receitas da
competição.
A oposição
dos órgãos dirigentes do futebol levou rapidamente nove desses clubes a
anunciarem a sua retirada do projeto, permanecendo apenas Real Madrid,
Barcelona e Juventus como apoiantes públicos.
A empresa de
desenvolvimento esportivo A22, que foi formada para ajudar na criação da
Superliga Europeia de futebol, divulgou nesta quinta-feira uma proposta para a
nova competição com 64 times masculinos e 32 femininos disputando partidas no
meio da semana em um sistema de liga em toda o Velho Continente (Assista
abaixo).
O formato
proposto para a competição masculina inclui 64 equipes em três ligas – Estrela,
Ouro e Azul. As Ligas Estrela e Ouro terão 16 clubes cada, enquanto a Liga Azul
terá 32 clubes.
As equipes
jogarão em casa e fora em grupos de oito, o que significaria um mínimo de 14
partidas por ano. Haverá promoção anual e rebaixamento entre ligas, enquanto as
equipes podem se classificar para a Liga Azul com base no desempenho da liga
nacional.
A competição
feminina, por sua vez, teria duas ligas de 16 clubes cada. No entanto, seja
para o masculino ou feminino, a A22 não divulgou exatamente quais seriam os
critérios para participação na Superliga.
No fim de
semana, a Fifa anunciou os detalhes do Super Mundial de Clubes, que será
disputado a partir de 2025 e que contará com 32 equipes. A competição, que
seria a atual Copa do Mundo de clubes, acontecerá entre 15 de junho e 13 de
julho de 2025 e ocorrerá nos Estados Unidos.
O anuncio
foi feito após reunião do Conselho da entidade, que aconteceu em Jeddah, na
Arábia Saudita.
A competição
contará com três times brasileiros: Palmeiras, Flamengo e Fluminense, últimos
três campeões da Libertadores. Ainda há a possibilidade de que um quarto clube
do Brasil esteja no torneio, desde que seja o campeão da edição 2024 da Libertadores.
O Super
Mundial de Clubes inicia com uma fase de grupos, que contará com oito chaves
com quatro equipes, todos contra todos. As duas melhores equipes de cada grupo
avançam para as oitavas de final. A fase final será disputada em jogo único,
das oitavas de final até a final e não haverá disputa de terceiro lugar.
A Fifa
também anunciou que anualmente a criação da Copa Intercontinental. o contrário
do formato atual do Mundial, nessa competição, apenas o campeão da Liga dos
Campeões entra depois na disputa, já direto na final.
Todos os
outros campeões continentais, incluindo o da Libertadores, disputarão um
playoff para definir o outro finalista.
A Fifa
detalhou que o playoff intercontinental terá duas fases. A primeira envolverá o
campeão da Ásia e o campeão da África. Eles se alternarão anualmente para
enfrentar, em casa, o campeão da Oceania. Quem se classificar, enfrentará em
seguida a equipe da Ásia ou da África, de acordo com o ano. A decisão se, em
2024, quem jogará a primeira partida, entre o campeão asiático ou africano,
sairá via sorteio.
A segunda
fase envolve o campeão da Libertadores, que vai enfrentar o campeão da Concacaf
em uma partida única a ser disputada na casa de um dos dois clubes, o que
também será definido por sorteio. Depois da primeira definição, o mando se
alternará ano a ano entre os continentes.
Para definir
o finalista que vai enfrentar o campeão europeu e o vencedor destas duas fases
se enfrentarão em jogo único em um campo neutro no mesmo palco onde será
disputada a decisão.
Para 2024, a Fifa também já tem uma definição inicial de datas. As primeiras fases do torneio ainda serão decididas em acordo com os clubes e confederações, mas o playoff “semifinal” acontecerá em 14 de dezembro de 2024, em campo neutro; e a decisão em 18 de dezembro, no mesmo local neutro.