Morreu nq última madrugada, aos 92 anos, o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin. Político e cartola com longa trajetória nos bastidores do esporte, Marin ficou nacionalmente conhecido por ser o dirigente máximo do futebol brasileiro durante o maior vexame da Seleção: a derrota por 7 a 1 para a Alemanha, na semifinal da Copa do Mundo de 2014. Mas seu nome também carrega outro episódio simbólico: o constrangimento público ao "roubar" uma medalha de jogador na premiação da Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2012, o que lhe rendeu o apelido de “Zé das Medalhas”.
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Marin assumiu a presidência da CBF em 2012, após a renúncia de Ricardo Teixeira, em meio a denúncias de corrupção. Sua gestão, no entanto, também não escapou das sombras. Em 2015, ele foi preso na Suíça a pedido do FBI, como parte do escândalo de corrupção que abalou a FIFA e expôs os bastidores podres do futebol mundial. Acusado de receber propinas em contratos de direitos de transmissão, foi condenado pela Justiça dos Estados Unidos e passou parte da pena em prisão domiciliar.
Apesar do currículo político — foi deputado estadual, vice-governador e até governador de São Paulo nos anos 1980 —, Marin terminou seus dias como uma figura marcada pelo declínio moral e esportivo do futebol brasileiro. Seu nome foi associado ao atraso na modernização da CBF e à falta de renovação institucional no comando da entidade. Mesmo com o Brasil sediando a Copa do Mundo de 2014, sua gestão ficou gravada pela imagem de uma Seleção despreparada, dentro e fora de campo.
Zé das Medalhas não foi apenas um apelido jocoso: tornou-se um símbolo de um estilo de gestão personalista, antiquado e pouco transparente. A cena em que Marin, sorrateiramente, pega uma das medalhas destinadas aos jogadores do São Paulo, campeão da Copinha, sintetiza uma postura de apropriação que transcendeu aquele momento. Sua morte encerra uma era de cartolagem ultrapassada, mas ainda presente nas entranhas do futebol brasileiro.