O Ministério Público de São Paulo instaurou nesta sexta-feira um inquérito civil que coloca o Corinthians no centro de uma possível intervenção judicial. A informação é do site Ge.Globo. A medida foi tomada pela Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social após receber uma representação do promotor Cassio Conserino, responsável por investigações na esfera criminal envolvendo ex-dirigentes e o suposto uso irregular de cartões corporativos do clube. Como Conserino não pode atuar na área cível, o caso foi encaminhado ao promotor Luiz Ambra Neto, que decidiu abrir formalmente a apuração.
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Ambra declarou que os indícios apresentados — que vão de irregularidades administrativas a suspeitas de crimes — evidenciam “um cenário caótico” dentro da estrutura alvinegra. Segundo ele, a sucessão de denúncias e investigações reforça a necessidade de examinar não apenas atos pontuais, mas todo o funcionamento institucional do Corinthians. O inquérito, que tramitará sob sigilo, poderá solicitar documentos, perícias e depoimentos, e pode culminar em uma ação civil pública pedindo a nomeação de um interventor para administrar o clube temporariamente.
Na representação enviada por Conserino, o Ministério Público lista 25 fundamentos que, na visão do promotor, justificam a adoção de medidas excepcionais. Entre eles estão denúncias criminais contra ex-presidentes como Augusto Melo e Andrés Sanchez; laudos de auditorias externas com alertas de graves irregularidades; suspeitas de desvio de materiais esportivos em volume até 300% acima do permitido; indícios de ligações com crime organizado; notas fiscais consideradas frias; uso indevido de cartões corporativos; contratos considerados lesivos; e violações ao Regime Centralizado de Execuções. O documento também cita supressão de documentos internos, ameaças a testemunhas e uma gestão financeira tida como “temerária”.
Outro ponto destacado pelo MP é a atual situação fiscal e administrativa do clube, descrita como consequência de “anos de gestões desastrosas”. O Corinthians enfrenta, simultaneamente, processos judiciais, transferbans da Fifa por falta de pagamentos, investigações sobre licenciamento de marcas e discussões internas a respeito do impeachment de dirigentes. A soma desses fatores, segundo o Ministério Público, sustenta o risco de que a crise institucional comprometa o funcionamento regular da entidade esportiva.
Enquanto o inquérito avança, a diretoria alvinegra ainda não se manifestou oficialmente sobre o risco de intervenção. O caso adiciona um novo capítulo a uma fase de intensa turbulência política, que já envolve disputas internas, denúncias criminais e problemas financeiros. Com a abertura da investigação na esfera cível, o Corinthians entra em um período decisivo, no qual sua gestão poderá ser reavaliada de forma profunda — e possivelmente substituída — pelo Poder Judiciário.
