Fernando Diniz a cada dia que passa mostra que é um teimoso, que não
abre mão de suas convicções e métodos de trabalho. O que pode ser moderno agora
dia 1º de fevereiro de 2021 pode ser antiquado, ultrapassado em 2 de fevereiro
de 2021. Ter apenas uma forma de trabalhar é ser ultrapassado. Diniz prova a
cada dia que é ultrapassado.
No futebol de hoje, a modernidade é não morrer abraçado em uma única
ideia de jogo. Tem que ter variedade. Diniz mostra que não tem e isso desde os
tempos que observo o trabalho dele no Paulista de Jundiaí na temporada 2010.
Inúmeras vezes a sua forma de jogar de futebol baseada em posse de bola,
com intensa troca de passes, mas sem muita velocidade e com finalizações quase
sempre na grande área, se mostra um equívoco. Quantas vezes eu ouvia os
torcedores do Paulista nas cadeiras numeradas reclamando da postura da equipe
no gramado. E com razão. Pagam ingresso, são consumidores e querem ver algo que
lhes agrade.
Conquistou o título da Copa Paulista no Paulista sim, com mais sorte do
que juízo. E muito talento dos jogadores – um time que tinha Mike, Hernanes,
Fábio Gomes, Rodrigo Sabiá e Nenê Bonilha que depois mostraram serem grandes
jogadores seja em cenário nacional, seja em cenário estadual. Caiu dois meses
depois, pois se enxergava que aquele modelo de futebol não iria levar o Paulista
a lugar algum no Paulistão.
No Audax, Diniz teve um grande trabalho que foi ser finalista do Paulistão
de 2016, mas teve seu grande fiasco de trabalho também – ano seguinte o time de
Osasco foi rebaixado da Série A1 para Série A2 do Estadual. Fez trabalhos
razoáveis para ruins em Fluminense (onde era até querido pela torcida) e
Athletico-PR, e foi para o São Paulo.
São mais de 18 meses de Diniz no São Paulo e o que vimos é sempre o São
Paulo com mesma ideia de jogo, sem variedade na forma de jogar, mudando apenas
o número do esquema tático: 4-4-2 para 4-5-1. Diniz não faz um São Paulo
jogando por exemplo em velocidade, esperando o adversário para sair em
contra-ataque, especialmente com o time na frente do placar. Muitos resultados
o São Paulo poderia ter saído com a vitória se o time “fechasse a casinha”. Não
faz mal nenhum.
Futebol não é apenas ataque. Futebol é meio-campo. Futebol é defesa. Chutes
como de Reinaldo no último jogo nas equipes de Diniz são raridade (e também do
futebol brasileiro). Não adianta criar 20 finalizações por jogo, sendo apenas
duas no alvo.
E outro ponto é que Diniz precisa controlar o seu psicológico urgentemente.
Não pode fazer o que fez com Tche Tche no jogo com Bragantino, e também não
pode fazer o que fez com erro de lançamento de Bruno Alves para tentar
surpreender a defesa adversária. Diniz precisa ter mais paciência. Antes que a
torcida perca de vez a paciência com ele (o pouco que ainda resta).
Diniz precisa cair a ficha. A ficha que precisa mais de uma forma de
jogar. Não é apenas esquema tático numeral de jogo: 4-4-2, 3-5-2, 3-6-1, 4-5-1,
5-4-1. E ter outra proposta para entrar em campo. Ter variedade. Como Abel
Ferreira, que está a menos tempo no futebol profissional. E menos tempo de
trabalho no que Diniz no seu atual clube. Enquanto Diniz não vai comemorar
título, Abel comemora o título mais importante do futebol sul-americano. E com
variedade de forma de atuar.
PS: Sobre Abel Ferreira irei escrever sobre as formas de atuar nos próximos dias.
