Thiago Batista: Não culpem o Jayme Cintra pelos fracassos de público do Palmeiras - Esporte Paulista Thiago Batista: Não culpem o Jayme Cintra pelos fracassos de público do Palmeiras

Thiago Batista: Não culpem o Jayme Cintra pelos fracassos de público do Palmeiras

Viralizou muito na noite de domingo e em toda a segunda-feira, especialmente na comunidade do futebol feminino, um vídeo com uma fala da Renata Mendonça, comentarista do Sportv, durante o segundo tempo, do Derby realizado no Jayme Cintra. A fala foi uma crítica ao baixo público no clássico – cerca de 800 pessoas presentes. A última coisa onde se deve colocar a culpa é no Jayme Cintra. 

Ou no Paulista que é dono do estádio. Existem muitos culpados. Até a própria cidade. Mas o dono do estádio é o menor dos culpados – na verdade, tem 0 culpa.

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Primeiro a grande culpa é do Palmeiras. Por não divulgar o jogo na cidade. Não procurou nunca a imprensa de Jundiaí, nem com um release via Whatsapp, com informações sobre a partida. Como se a imprensa de Jundiaí tivesse o favor de acompanhar o time alviverde, que nem treina na cidade a maioria das vezes – treina em Vinhedo e algumas vezes até na capital.

A diretoria do Verdão ainda tem culpa por colocar um preço de ingresso incompatível com o futebol feminino. Se querem público, tem que ser ingresso a R$ 10, com meia-entrada a R$ 5 para facilitar a vinda de todos os tipos de público. 

Ingresso a R$ 30 praticamente tira qualquer chance de uma família ver o jogo. Um casal que deseja assistisse o jogo, com seus dois filhos, teria que gastar R$ 90 só com ingressos. Fora custos com transporte, lanche e uma camiseta ou lembrança sobre o jogo. 

Os jogos de futebol feminino teriam que trazer o público que não tem as chances de acompanhar o time principal masculino, por conta dos altos preços, e que desejam usar a camisa do seu time de coração em uma partida, e o feminino pode atrair exatamente esse tipo de público.

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Segundo grande culpado é a CBF, que não move uma palha para que os clássicos em São Paulo no futebol feminino possam receber duas torcidas. Procurar o Ministério Público e oferecer que nos jogos de futebol feminino possa se fazer um teste para que as partidas possam receber duas torcidas. Imagine que atrativo legal a torcida do Corinthians presente no Jayme Cintra. Mas oficialmente não podia. 

Terceiro e acho que também uma das grades culpadas: a mídia / imprensa / emissoras de televisão e streaming. Sportv mesmo relegou o jogo para o seu canal secundário, e no horário das 18h30. E não teve nenhuma divulgação. Zero. Nem durante os jogos durantes a sua programação, das mais diversas modalidades. Literalmente escondeu a partida. 

A Globo não usou nem o seu canal aberto para divulgar a partida. Nenhuma reportagem de véspera falando sobre o clássico, que apenas decidiu a última Libertadores feminina. E era o primeiro encontro entre os dois times após um 8 a 0 do Corinthians em uma semifinal de Estadual.

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Não pode falar que a imprensa local não divulgou o jogo. Este site fez uma matéria sobre a partida. Poderia ter feito mais matérias sobre a partida. Sim, poderia. Mas fizemos uma divulgação.

Jornal de Jundiaí também durante a semana fez uma matéria divulgando a partida. Até na Rádio Difusora, durante a transmissão de Colorado 1 x 0 Paulista, o radialista Adilson Freddo fez a divulgação do jogo, algo que ele não faz de costume. 

Ou seja, não deve se colocar a culpa na imprensa de Jundiaí, pela não divulgação da partida. Pois ocorreu, como não ocorria em outros jogos. 

Agora Jundiaí tem culpa também pelo baixo público. Em especial o poder público. Sim, os mandatários e políticos da cidade, parece que esqueceram completamente do esporte de Jundiaí em 2024. Exceto para fazer política. Para um jogo no Dal Santo, que tinha Cafu e outros ex-jogadores, estavam todos lá. Agora para sugerirem e forçar que o poder público e as empresas de ônibus facilitassem a ida do torcedor ao estádio não mexem uma palha. 

E isso não é apenas em jogos do futebol feminino. Até o time masculino do Paulista sobre com a ausência do poder público em facilitar a vida do torcedor. Não existem tantas linhas diretas de bairros longe do Centro direto ao Jayme Cintra. 

Não se colocam mais ônibus com direção ao Jayme Cintra, em um domingo de Derby. Isso ajuda no fim na baixa presença de público no fim das contas.

Agora não venham me dizer, que Jundiaí fica longe de São Paulo, com vi algumas jornalistas da comunidade do futebol feminino falarem nesta segunda-feira. E vou dar um exemplo pessoal.

No Google Maps, a parte paterna da minha família mora no bairro São Domingos, na capital paulista. Da casa deles até o Jayme Cintra são 50km – uma viagem de 50min de carro. Da mesma residência até a Neo Química Arena, dentro da capital de São Paulo, são 32,5km – 32min de carro. Isso são dados sem trânsito. Dependendo do dia, é mais rápido do Parque São Domingos chegar ao Jayme Cintra, do que chegar a Neo Química Arena. Então não falem que Jundiaí é longe.

Agora para finalizar. O principal ponto para o baixo público no Jayme Cintra no Derby, é que Jundiaí o seu time de futebol, seja masculino ou feminino se chama Paulista Futebol Clube. É a opção número 1 da grande maioria dos moradores da cidade. É onde o suado dinheiro vai ser gasto para ver um jogo de futebol. Pois o Paulista pertence a Jundiaí. Está na rotina do jundiaiense. Faz parte da cultura da cidade. Diferente do Palmeiras, que está apenas de passagem por Jundiaí. Muito provavelmente até dezembro deste ano. Pois ano que vem, com Pacaembu podendo voltar a receber jogos, será provavelmente a casa do futebol feminino de todos os times grandes da capital.

Mas sem divulgação dos clubes, da mídia e o ingresso ‘caro’, não culpem o Pacaembu e a Mercado Livre – que comprou os name-rights, se o Derby voltar a receber 800 pagantes no ano que vem. 


Thiago Batista é jornalista e editor-chefe do Esporte Paulista. 

Trabalha desde 2006 com jornalismo esportivo. Possui passagens no Lance (Caderno do Interior – cobrindo o Paulista), Agência Bom Dia, Jornal da Cidade,  Jornal de Jundiaí, Rádio Cidade Jundiaí, Rádio Difusora Jundiaí, TV Japi e TVE Jundiaí.  Desde 2009 mantém um site esportivo na internet – primeiro como Esporte Jundiaí e desde 2021 como Esporte Paulista.

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