Justiça do RJ mantém absurda e preconceituosa interdição de São Januário

30/08/2023 - 16:54

A polêmica envolvendo o público no estádio do Vasco terá novos capítulos. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro manteve de forma absurda e preconceituosa a interdição de São Januário por dois votos a um. Jogos poderão ser realizados no estádio, mas sem a presença de torcedores. O julgamento foi realizado na tarde desta quarta.

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A sessão começou com uma alta dose de preconceito na fala do desembargador Fernando Foch que chamou moradores de rua de Rio e São Paulo de “escória humana que não nos emociona, mas o futebol sim, causa esse sentimento”. Além disso, ameaçou prender quem se comportasse “como numa arena” no TJ-RJ.

O caso foi julgado pela Segunda Câmara de Direito Privado em sessão presencial na sede do TJ-RJ, no Palácio da Justiça. A relatora desembargadora Renata Cotta e desembargador Carlos Santos de Oliveira votaram contra a liberação antes realização da perícia. Fato esse que já deveria ter ocorrido.

A perita pediu 90 dias para realizar o procedimento, embora a justiça houvesse determinado que ela fosse feita em 30 dias. Já se passaram 69 dias.

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A desembargadora Andréa Pacha, voto dissonante no julgamento, defendeu que o estádio fosse liberado para receber público. Alegou que o clube não tem poder de polícia e tomou todas as medidas possíveis. Citou apedrejamento de ônibus do Botafogo na véspera para tratar do estado de violência em dentro e fora dos jogos de futebol.

O clube cruzmaltino irá recorrer da decisão no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília. E segundo Rodrigo Siqueira, o advogado do clube, é isso que será feito.

“Tivemos um voto favorável, mas infelizmente não foi o suficiente. O Vasco agora vai levar o caso a Brasília para que seja analisado pelos ministros do STJ”, declarou.

A última vez que São Januário recebeu uma partida com público foi em 22 de junho, na derrota para o Goiás por 1 a 0, pela 11ª rodada do Campeonato Brasileiro.

Desde então, o local foi interditado através do Juizado Especial do Torcedor e Grandes Eventos. As palavras do juiz de plantão, Marcelo Rubioli, viralizaram.

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“Para contextualizar a total falta de condições de operação do local, partindo da área externa à interna, vê-se que todo o complexo é cercado pela comunidade da Barreira do Vasco, de onde houve comumente estampidos de disparos de armas de fogo oriundos do tráfico de drogas lá instalado o que gera clima de insegurança para chegar e sair do estádio. São ruas estreitas, sem área de escape, que sempre ficam lotadas de torcedores se embriagando antes de entrar no estádio”, escreveu o juiz.

No Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), o Vasco foi punido com quatro jogos de portões fechados pela confusão e estes já foram todos cumpridas.

 

Foto: Divulgação

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